Você sabia que, de acordo com a OMS, o Brasil lidera o ranking de transtornos de ansiedade no mundo, com mais de 19 milhões de afetados?
Se sua empresa tem uma alta taxa de turnover, se os colaboradores estão faltando mais, cometendo mais erros, ou ainda se a produtividade está caindo, pode ser que a saúde mental da sua equipe esteja comprometida.
Vale lembrar que saúde mental é um estado de bem-estar, que vai muito além da simples ausência de doenças mentais.
Fatores que afetam a saúde mental dos colaboradores
Muitos fatores afetam a saúde mental das pessoas no trabalho, as principais são:
- Estresse: demandas elevadas, pressão excessiva, excesso de carga horária;
- Ambiente de trabalho hostil;
- Falta de segurança psicológica;
- Falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Como garantir a saúde mental dos colaboradores
A primeira coisa que a empresa precisa ter em mente é que saúde mental não é um assunto esporádico. Você precisa inserir esse tema no dia a dia da organização. Para isso, algumas práticas que podem ajudar são:
- Conscientizar líderes e colaboradores sobre a importância da saúde mental através de palestras e treinamentos;
- Promover a empatia e a escuta ativa;
- Prestar atenção na carga horária, ter flexibilidade e implementar políticas de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal;
- Dar abertura e fazer com que as pessoas se sintam confortáveis para compartilharem problemas relacionados à saúde mental e sintam-se seguras para pedir ajuda;
- Disponibilizar para os colaboradores acompanhamento psicológico, psiquiátrico, fornecer serviços de saúde mental e programas de bem-estar;
- Promover um estilo de vida saudável, incentivando a prática de atividades físicas, alimentação equilibrada e sono adequado.
Avanço tecnológico e saúde mental
Não só os RHs, mas as empresas como um todo estão cada vez mais tecnológicas e essa tecnologização irá trazer consequências para a saúde mental dos trabalhadores no futuro. Você deve estar se perguntando: isso será bom ou ruim? E a resposta é: depende.
De acordo com a futurista Irina Bezzan, a tecnologia é neutra. Ao mesmo tempo que ela derruba muitas barreiras, pode criar outras.
Impactos positivos:
- Acesso a informações e recursos de saúde mental: a tecnologia pode ajudar oferecendo informações sobre saúde mental, recursos de suporte e fornecendo serviços de saúde mental remotos;
- Trabalho remoto ou híbrido: a tecnologia permite que mais pessoas trabalhem nesses formatos, o que pode aumentar a flexibilidade, diminuir o estresse e ajudar o colaborador a ter um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
- Trabalho colaborativo: a tecnologia pode facilitar a colaboração entre equipes e tornar o trabalho mais eficiente;
- Saúde e bem estar: a tecnologia pode ser utilizada para monitorar a saúde e o bem-estar dos funcionários.
Impactos negativos:
- Mudanças na natureza do trabalho: a tecnologia pode mudar a natureza do trabalho e exigir novas habilidades dos colaboradores, o que pode acarretar estresse e ansiedade;
- Conexão constante: a tecnologia pode levar os colaboradores a ficarem conectados o tempo todo criando para a empresa a sensação de que eles estão sempre disponíveis, aumentando os níveis de estresse e ansiedade;
- Monitoramento e avaliação: a tecnologia pode ser usada para monitorar o desempenho e a produtividade dos colaboradores, o que pode aumentar a pressão mental.
O que vai fazer com que as ferramentas tecnológicas tenham um impacto positivo ou negativo sobre a saúde mental dos colaboradores no futuro? O ser humano. Como eu, como empresa ou como gestão, vou usar a tecnologia a favor do meu time?
Lideranças melhores criam ambientes melhores. De nada adianta ter as ferramentas mais incríveis do mundo. Se a liderança não criar um ambiente de confiança para que os colaboradores tenham segurança psicológica, a saúde mental do time ficará comprometida.
Papel do líder
O líder desempenha um papel fundamental na garantia da saúde mental da equipe. De acordo com a psicóloga Jaqueline Padilha, o primeiro passo para ser um líder que promove saúde mental é o autoconhecimento. Além disso, é importante que o gestor:
- Tenha uma escuta ativa;
- Crie um ambiente no qual as pessoas possam falar com segurança;
- Promova um ambiente de colaboração e não de imposição;
- Esteja disponível.
Outro ponto importante: prestar atenção na taxa de turnover e ler as entrevistas de desligamento para entender o que está deixando as pessoas insatisfeitas.
E quando o líder não está bem?
Muito se fala na responsabilidade do líder de garantir a saúde mental da equipe, mas às vezes nós esquecemos que a liderança também é feita de seres humanos que precisam de apoio.
Quando o líder não está bem, é papel do RH acolher essa pessoa, e a empresa como um todo deve ajudar, oferecendo:
- Suporte de saúde mental: acesso a psicólogos e psiquiatras;
- Flexibilidade para que o líder possa se cuidar;
- Um mentor ou colega confiável que possa ajudar o líder a lidar com as dificuldades que está enfrentando;
- Uma cultura de bem-estar que enfatize a importância da saúde mental e ofereça ferramentas para que as pessoas possam se cuidar.
Apps e chatbots terapeutas
Aplicativos que dão um suporte para cuidar da saúde mental são bem comuns e agora estão surgindo os chatbots terapeutas. Mas até que ponto eles podem ajudar?
Aspectos positivos:
- Acessibilidade: eles ficam disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana e podem dar suporte para a pessoa em qualquer hora e lugar, além de serem mais baratos do que a terapia convencional com um ser humano;
- Oferecem ferramentas como exercícios de meditação, respiração e outras práticas que a pessoa pode usar no dia a dia;
- Personalização: alguns apps usam a inteligência artificial para personalizar as sugestões ou os conselhos de acordo com as necessidades e preferências individuais do usuário.
Aspectos negativos:
- Falta de interação humana: algumas pessoas podem sentir falta da conexão e o apoio emocional que um terapeura pode oferecer;
- Limitação na capacidade de entender a complexidade das emoções humanas. Os aplicativos captam apenas aquilo que está sendo dito, mas não conseguem perceber variáveis como linguagem corporal e tom de voz, por exemplo;
- Possível substituição da terapia tradicional: algumas pessoas podem usar os aplicativos e achar que estão se cuidando, quando na verdade precisam de um nível mais alto de atenção que só um humano pode dar;
- Limitações na capacidade de lidar com problemas graves de saúde mental: alguns casos mais sérios exigem tratamento intensivo e cuidados personalizados que aplicativos não são capazes de fornecer adequadamente.
Os chatbots e aplicativos de saúde mental ainda são muito prematuros e sua confiabilidade está sendo testada. Eles podem auxiliar, mas o acompanhamento com um humano, quando o assunto é terapia, sempre vai ser mais confiável e mais eficaz.
Quer saber mais?
Esse foi mais um post da série Futuro do RH. Para saber detalhes sobre o papo que batemos com Jaqueline Padilha e Irina Bezzan, corre lá no nosso videocast!